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"O GUARDADOR DE REBANHOS" ALBERTO CAEIRO


(...)Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.


(...)Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...


antoniopais1.blogspot.com

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HUMANA

HUMANA
ESCOLHI-TE COMO A IMAGEM DE TODAS AS PESSOAS QUE TÊM SIDO A RAZÃO DA MINHA NAVEGAÇÃO NA BLOGOSFERA

ANTÓNIO PAIS

A inocência de um escritor-menino...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O Pai Natal e o Menino Jesus

Em pequeno acreditei no Pai Natal até aos 10 anos de idade. Depois passei a acreditar somente no Menino Jesus. Os anos passam sobre nós, tão rapidamente, que nem nos apercebemos. Lembro hoje a data da minha partida para a Guerra Colonial. Foram três Natais passados longe dos entes mais queridos, namorada e amigos (um a bordo do Paquete Príncipe Perfeito e dois nas matas em Angola). Já passei, ao longo da minha vida, por Natais tristes mas sempre com Fé nos vindouros.
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Este é mais um daqueles em que não tenho motivos para celebrar, por me haver despedido recentemente daquela que nunca deixou de enfeitar a árvore e arranjar com ternura o presépio, salpicando o cenário com algodão branco a imitar os flocos de neve e as lágrimas a tombarem na folhinha de prata que imitava o lago sobre o qual colocava uns patinhos de barro pintados de branco.
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Acredito no Menino Jesus e celebro, sim, a data do seu nascimento, pedindo-lhe que através do Pai Natal me conceda a graça de ver bem sucedidas as intervenções cirúrgicas a que vão ser submetidas a mãe dos meus filhos e a minha tia (irmã da minha saudosa mãe).
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A minha oração aqui fica em forma de Conto inacabado, numa data em que me encontro preocupado mas com Fé, aproveitando para agradecer a toda(o)s a(o)s amiga(o)s que têm vindo a fazer o favor de me visitarem, quer através de correio-electrónico ou messenger, quer em forma de comentários.
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Algures nas matas gélidas da Lapónia, numa casinha de madeira, escondida permanentemente dos olhares indiscretos pela densa e alva bruma, habituaram-me assim, desde muito pequeno, a imaginar um velhote gordo e simpático, de longos cabelos e barbas da cor imaculada da neve.
Certa noite visitei-o, em sonho, tão marcado que ficou na minha mente quando, com oito anos de idade, julguei ter visto a sua mão na chaminé colocando o meu inesquecível cavalo de pau.
Fiquei desde então a saber que a sua actividade não se restringe apenas à época natalícia. Imaginava-o sempre à lareira, com um cobertor muito grosso sobre as pernas e com uma caneca de porcelana fumegante, apertada entre as luvas felpudas, aquecendo-lhe as mãos e o esófago graças a um café com leite bem quentinho por ele preparado e fervido sobre o intenso e crepitante fogo do seu braseiro, o qual também lhe ruborizava a face.
Ali ao lado, nos estábulos, dormiriam, certamente, as renas, aconchegadas umas às outras, com os seus corpos enfiados numa palha dourada, bem limpinha, seca e confortável.
Mas não! Encontrei-me sim com uma figura envolta numa intensa luminosidade de tom avermelhado, e constantemente a emitir vibrações muito fortes para todos os quadrantes do Planeta. Constatei então que para aquele Pai Natal o trabalho constituía uma actividade ininterrupta, apenas diversificada por ocasião das festividades que lembram o nascimento do Menino Jesus. Da sua cabana na Lapónia são emitidas, dia e noite, ordens firmes mas serenas, em linguagem universal, para todos os outros, os quais, esses sim, por ocasião do Natal, enfeitam o firmamento com os seus velozes trenós carregados de prendas, descendo chaminés, atravessando os exaustores de fumo das cozinhas e tocando com as suas mãos etéreas mas quentes o interior das cabecitas das crianças e as almas dos homens e mulheres que o merecem, quer tenham pele branca, amarela, negra ou vermelha.
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SANTO NATAL
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sábado, 13 de dezembro de 2008

tentativaspoematicas


Myspace Clocks, Pisces Clocks at WishAFriend.com

ATÉ BREVE, AMIGA(O)S

Lamento veementemente o meu afastamento do blogue. Porém, quero acreditar que será apenas por algum tempo.
Tenho três familiares que estão a precisar do meu apoio mais assíduo.
Nunca pensei que, de Agosto a esta parte, viesse a grangear tantas amizades neste espaço virtual. A toda(o)s agradeço do fundo do coração o carinho que me dispensaram e que julgo haver retribuído.
Foi uma autêntica terapia.
Na impossibilidade de responder individualmente - como seria o meu desejo - faço-o em forma de publicação. Contudo, sempre que possa visitá-los-ei. Não me sentiria bem comigo próprio tentar personalizar a minha despedida, que repito, julgo ser breve, correndo o risco de me esquecer de alguém. Porque, e reiterando o que já disse, toda(o)s me merecem o maior respeito, admiração e grande estima.
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Desejo-lhes um SANTO NATAL e que o ano de 2009 lhes ofereça tudo aquilo que ambicionam.
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ATÉ BREVE, AMIGA(O)S
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sábado, 6 de dezembro de 2008

Saí da masmorra

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Há muito tempo que me isolei. Não recordo a última vez em que me integrei num evento de cariz social. Cheguei mesmo a pensar que jamais o voltaria a fazer.
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Hoje, abriram-se-me os portões pesados e imaginários que me retinham.

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Milagre? Não! Simplesmente amizade e solidariedade, por parte de quem eu nunca vi, nunca conheci as suas vozes, nunca senti o calor das suas mãos. Seres virtuais aos quais, aos poucos, me fui afeiçoando. Seres não extra-terrestres mas diluídos no éter, de vários pontos do globo. Invisíveis, impalpáveis mas que penetraram, como íntimos, na minha mente.

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Por isso, hoje, mesmo sem inspiração ainda para descrever o meu estado de espírito, não poderia deixar de agradecer a toda(o)s a(o)s amiga(o)s virtuais que me ajudaram na libertação que se me afigurava sempre adiada.
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Estive presente no lançamento do livro "Arquitectura de Um Fragmento", da autoria da nossa querida amiga da blogosfera Betty Branco Martins. Já sabia do seu talento como Artista Plástica e como Poetisa. Fiquei a conhecê-la pessoalmente porque a vi, ouvi, beijei e senti o calor das suas mãos. Uma mulher adorável.
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Momentos gratificantes que jamais esquecerei.
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O empurrão definitivo devo-o, porém, a quatro MULHERES maravilhosas que ainda não conheço, mas que fiquei com enorme vontade de conhecer:
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Maria Isabel Lassuta Monteverde (Artista Maldito)
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Adriana Marques (poesias e canções)
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Teresa Palmira HOFFBAUER (ematejoca azul)
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Isabel Cabral - BC (sletras)
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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A VIDA NÃO É SÓ POESIA...

No meu modesto entender ser Poeta não é apenas falar sobre o amor, sobre os passarinhos, a espuma branca que lambe a areia da praia...
O Poeta é um observador atento a tudo o que o rodeia.
Hoje, ao ler um texto dum amigo da blogosfera fiquei impressionado. Hoje, os professores estão em greve. Confesso que já estou saturado de ouvir falar em avaliações. Mas este texto, muito bem elaborado por um professor, veio mesmo ao encontro da opinião que já tinha sobre este complexo tema.
Assim sendo, e porque me sinto bem publicitando e dando visibilidade a quem o merece, vivamente vos recomendo a sua leitura. O Gonçalo Marques merece. E todos nós também temos o direito de ouvir as razões bem fundamentadas e tão diferentes daquilo que a nossa atrofiada e sensacionalista comunicação social nos tem vindo a impingir.
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PARABÉNS GONÇALO
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http://gonçalo-marques.blogspot.com
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

LUTA CONTRA A SIDA

Com arranjo musical de Marisa Pinto (vocalista do Grupo "Donna Maria", e cantado na Festa de Natal no Pavilhão de Infecto-Contagiosas-Mulheres, no Hospital de Curry Cabral, em Lisboa.
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A luta é no Natal
É sempre é quando calha
Porque esta guerra é total
Por todo o lado há batalha
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Não importa ser juíz
Político ou cirurgião
Técnico ou aprendiz
Não há lugar a profissão
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Coragem homens de fé
E mulheres de fibra dura
Não vos abata o cansaço
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Que ninguém arrede pé
Pois a luta é de ternura
E o prémio é um abraço
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António Pais
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Por favor não deixem de ler a publicação abaixo : DESAFIO

DESAFIO


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Recebi, gentilmente, através do blogue "POESIA DE PAULO AFONSO RAMOS", este desafio que consiste em responder a 10 perguntas com nomes de músicas de um grupo ou cantor. A brincadeira é divertida!
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Respondi a todas usando títulos de canções de António Variações.

O Paulo Afonso escolheu os Xutos e Pontapés.
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E os blogue nomeados são...são...são... :

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1 - Isabel Monteverde (Artista Maldito)

2 - Gonçalo Marques (A escrever é que a malta se entende)

3 - Cristina (@lgodão Doce)

4 - Carmen (os 16 mosqueteiros)

5 - Júlia ML (O Privilégio dos Caminhos)



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1 - És homem ou mulher?

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2 - Descreve-te

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3 - O que é que as pessoas pensam de ti?

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4 - Como descreves o teu último relacionamento?

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5 - Descreve o actual estado da tua relação

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6 - Onde querias estar agora?

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7 - O que pensas a respeito do amor?

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8 - Como é a tua vida?

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9 - O que pedirias se pudesses ter um desejo?

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10 - Escreve uma frase sábia.

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As minhas respostas, todas retiradas das canções de António Variações:

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1 - Na lama
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2 - Já não sou quem era
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3 - A teia
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4 - O corpo é que paga
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5 - Canção do engate
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6 - É p'ra amanhã
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7 - Amor de conserva
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8 - Quero é viver
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9 - Mudar de vida
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10 - "Dar e Receber"
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Não deixem de visitar o magnífico blogue do POETA Paulo Afonso Ramos, assim como o da querida Ana Margarida (http://blogasasanjo.blogspot.com/)
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Vá lá, respondam como post no vosso blog e passem a brincadeira.
Um beijinho para a Ana Margarida e um forte abraço para o Paulo Afonso.
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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Lançamento de Livro

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PARABÉNS,________ queridA Betty
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A nossa querida amiga da blogosfera Betty Branco Martins vai ter a felicidade merecida de publicar o seu livro: "ARQUITECTURA DE UM FRAGMENTO", da Edium Editora, no próximo dia 6 de Dezembro, pelas 15 horas, no Auditório sito no Campo Grande, nº. 56, em Lisboa.
A obra e a autora serão apresentados pelo poeta Xavier Zarco.
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Auguro-lhe as maiores felicidades.
A Betty sabe como gosto dela e daquilo que faz. Aliás, todos sabemos e gostamos.
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bettybrmartins.blogspot.com
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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

SOLIDARIEDADE

Sem disposição para publicar, não consegui, porém, ficar indiferente ao apelo de duas boas amigas bloguistas: Isabel Monteverde (Artista Maldito) e Isabel Cabral (bc).
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A Andreia (não conheço nem isso me importa) tem 22 anos de idade, é Educadora de Infância, recém-formada e mora em Lisboa.
Foi-lhe detectada Leucemia do tipo "Mieloide Crónica".
Poderá ficar totalmente curada se receber um transplante de medula óssea.
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PROCURA UM DADOR
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Andreia Margarida Morais e Mota
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motaandreia@gmail.com ou nº de telemóvel: 966886302
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ou
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CEDAC - CENTRO DE HISTOCOMPATIBILIDADE DO SUL
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O meu comentário?
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tentativaspoematicas disse...
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Força querida Andreia! A ajuda vem a caminho!
Beijinho com muita ternura
António
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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Dia Nacional da Cultura Científica

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CLONE-CLONE
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Ao Passado o Homem foi colher Sabedoria
Neste Presente, furtivo, a Clonagem semeia
À luz da mentalidade dispersa, actual;
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Erguem-se vozes contra a Ciência-ousadia
É ainda prematuro discernir em cada ideia
Transformações que o Futuro julgue como
Bem ou Mal...
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O "Livro da Revelação" lançou um olhar sobre o Universo que escapa à tradicional linguagem matemática:
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A Ciência e a Religião são a temática
Que continuam confundindo a nossa inteligência
O Stepham Wolfram desafia a Matemática
E assim nos abala com "Uma Nova Ciência"
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Escrito de mil e duzentas páginas editado
Com seus cinco quilos de peso e bem volumoso
Apontando veemente p' ra um "caminho errado"
P' ra espanto e reflexão de cada estudioso...
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Pois aquilo que hoje é amanhã pode já não ser
Mas a mente mesquinha e torpe do Homem não quer ver
Ignora os Profetas baralha outrora e porvir
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Não aceita o palco no qual pisamos às escuras
Bloqueia o papel que foi estudado "nas Alturas"
Luz da Ribalta a brilhar pano do Universo a cair
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sábado, 22 de novembro de 2008

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

VOLUNTARIADO

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A publicidade nos órgãos de comunicação social, sobretudo na TV, já começou a instigar-nos ao consumismo desenfreado.
As ruas e as montras de Lisboa já se iluminaram. Nos blogues já apareceram imagens lindíssimas alusivas ao Natal.
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O poema que hoje publico estava destinado para o mês de Dezembro. Resolvi, também, antecipar-me à sua publicação porque me indignei com o egoísmo humano patente em alguns blogues. São palavras difíceis de aceitar. Para aquelas e aqueles que me criticaram faço saber que as suas hediondas interpretações resvalam na couraça da minha indiferença.
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A Isabel Lassuta Monteverde (Artista Maldito) necessitou do apoio incondicional das amigas e amigos num momento difícil da sua vida. O que fiz por ela foi muito pouco. Repetirei a atitude por qualquer amiga ou amigo sempre que tal se justifique.
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Obrigado a todas e a todos os Espíritos altruístas que manifestaram a sua SOLIDARIEDADE.
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Jamais pensei, quando me iniciei na blogosfera, que este mundo virtual se pudesse transformar em ondas de espuma portadoras de tanto AMOR.
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OBRIGADO. BEM-HAJAM.
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Poema oferecido à Liga Portuguesa Contra a Sida
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Ora aqui estamos nós outra vez
o propósito agora é especial
que seja hoje, amanhã e todo o mês
e não apenas em tempo de Natal
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O espírito da quadra foi esquecido;
apenas o comércio e os presentes
cada vez mais Jesus entristecido:
é guerra, prisões, fome e os doentes...
*
Nascem cada vez mais voluntários
que se empenharão d'alma e coração
os podres deste mundo são tão vários
que é urgente uma grande revolução
*
Hoje estamos de pé, cá deste lado
de corpo são e espírito infectado
buscamos todos remédio para a dor
*
É juntar esforços, apertar as mãos
porque enfim estamos aqui como irmãos
a força maior que nos une é o Amor
*

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

QUAL DE NÓS ENLOUQUECEU?

Dedicado à mãe dos meus filhos, pessoa a quem não guardo rancor nenhum, muito pelo contrário, desejo-lhe o melhor.
Sei estar doente - mas sempre a labutar arduamente - e aquilo que vivemos juntos aliado ao facto de ser uma mãe extremosa e um ser humano exemplar, obrigam-me a publicar as palavras que permaneciam escondidas na memória desde o divórcio em 2003.
*
Após tanto tempo não sei o que nos aconteceu
Ou foste tu ou fui eu quem afinal enlouqueceu?
*
Sempre pensei viver o resto breve dos meus dias
Contigo! Sempre te amei mas tu não o percebias
*
E sinto a falta do teu corpo à hora de me deitar
E perco-te nos meus sonhos à hora de despertar
*
Meus sonhos teimosos não têm a ver com o real
Pois quando acordo tu não estás e sinto-me tão mal
*
Os filhos não são homens; sonho-os sempre meninos
E eles não merecem sofrer com imbecis desatinos
*
A luz da cabeceira e a TV sempre acesas estão
E só durmo à força de cápsulas para a depressão
*
Orgulho-me de ti: Mulher-Mãe-Coragem-Sofredora
Sinto-me inútil, fraco. Tu, tu és uma lutadora!
*
Após tanto tempo não sei o que nos aconteceu
Ou foste tu ou fui eu quem afinal enlouqueceu?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

ATRACÇÃO

>Atracção<
*
não me atrai uma qualquer
nem sequer vou com quem calha
no mundo há tanta mulher
desejando uma migalha
*
uma migalha de amor
da farta mesa das paixões
que iluda a fome, dê sabor
a tão famintos corações
*
não consigo entender nada
porquê tu a minha amada
se nem eu próprio admito
*
isto é forte, transcendente
está a tornar-me demente
mas ao mesmo tempo é bonito

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

CURIOSIDADE

Contos da Guerra Colonial podem ser encontrados através do meu Perfil
antoniopais1.blogspot.com

Quero agradecer, desde já, a solidariedade manifestada à nossa muito estimada e talentosa Isabel Lassuta Monteverde (Artista Maldito). Bem-hajam!


Toda(o)s me merecem o maior respeito e estima. É para vós, e por vós, que continuarei a escrever as minhas coisas simples mas que têm vindo a merecer os comentários mais bonitos e elogiosos, sobretudo durante uma fase muito triste pela qual estou a passar (a perda da minha saudosa mãe).
O blogue, ou melhor: as pessoas que me têm acompanhado ao longo dos últimos três meses contribuiram imenso para aliviar a minha intensa dor.


Muito obrigado!
O poema que hoje publico é dedicado a uma Mulher-Coragem que muito respeito e admiro
CURIOSIDADE

I
Curioso
sinto-me tentado
a espreitar pela janela
dos seus pensamentos
e estalam vidros no meu rosto
II
Curioso
sinto-me tentado
a espreitar pela fechadura
dos seus sentimentos
e espetam-se trancas nos meus olhos
III
Curioso
sinto-me tentado
a decifrar tão terno olhar
tão indefinido sorriso
e travam-se lutas no meu cérebro


IV
Curioso
não me sinto nada tentado
em sondar todas as outras
pois todas julgo entender
e nem sequer me preocupo...





domingo, 2 de novembro de 2008

POESIA: UMA ATITUDE PERANTE A VIDA, OS SERES E AS COISAS

Todos os estudos alguma vez realizados, à semelhança de todas as metodologias de análise, ou teorias e técnicas de clssificação já elaborados, outro ponto de partida, fonte ou material não tiveram para além do próprio poema - serão elucubrações de validade discutível, dado que enquadradas "a posteriori".
Mas também sabemos que uma prática reflexiva e discursiva sobre um número significativo de tratos poéticos pode permitir a emissão de juízos de valor, desde a promoção à aceitação e à rejeição, que, muitas vezes, a par da sua utilidade detêm algum fundamento.
A terminologia técnica da recensão crítica ao texto poético, mesmo nos nossos dias, continua a ser modificada a todo o momento, devido às tentativas imparáveis e competitivas dos analistas na sua mira e na sua luta sempre prontos a desvendar o irrevelável.
Justifico-me:
Estudei e não me arrependo. Escrevo e gosto de escrever. Não serei poetisa, provavelmente, o que não me preocupa.
Uma coisa sei: do poema e no poema ouve-se a voz de quem o realizou.
Excerto da carta que me foi enviada pela poetisa e minha amiga Otília Filomena Ferreira em 1993.
PALAVRAS SUFOCADAS
Sempre que te encontro
meu amor
ficam retidas
por dizer
sufocadas
as palavras
lindas mas proibídas
na noite trabalhadas
Sempre que adeus te digo
meu amor
retidas ficam
por dizer
sufocadas
as palavras
lindas mas proibídas
p' ra noite transportadas
António Pais

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

pai na Terra...PAI no Céu

Para ti : ISABEL LASSUTA MONTEVERDE
(Artista Maldito)
pai
à distância dos anos
de tanta dor reprimida
abri-me hoje à tua vida...
pai
à distância dos anos
tomo hoje conhecimento
abri-me ao teu sofrimento...
pai
à distância dos anos
se quem os tem tem cadilhos
abri-me à dor dos meus filhos...
PAI
à distância do Infinito
se ao meu pai deste um cantinho
aos meus filhos abre um caminho...
O teu saudoso pai estará, certamente, presente no Bloco Operatório. Dá beijinhos de todos nós a esse grande pai e grande poeta.
Volta depressa

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

RECOMPENSADO

Este poema é uma singela homenagem a uma boa amiga:
ISABEL LASSUTA MONTEVERDE
blogue: ARTISTA MALDITO
com o mais profundo desejo de sucesso na intervenção cirúrgica a que vai ser submetida e rápida recuperação
Precisamos de si ARTISTA MALDITO.
Preciso de si ISABEL



RECOMPENSADO

Enamorei-me
P' la brisa fresca
E o cheiro a mar
Nas manhãs cinza
Dum Verão na Praia Grande

E fui beijado por ondas de espuma

Apaixonei-me
P' lo pôr-do-Sol
Pintando o capim
Nas tardes quentes
Da guerra em África

E fui iluminado p' lo Cruzeiro do Sul

Encantei-me
Com uma mulher linda
De olhar doce
Penetrando-me a mente

E fui agraciado com sorrisos dum Anjo



sexta-feira, 24 de outubro de 2008

AS RECTAS em F-r-a-g-m-e-n-t-o-s________:)

Com o respeito e admiração que tenho pela nossa querida amiga da blogosfera : BETTY BRANCO MARTINS (blogue: Fragmentos), atrevo-me a publicitar aqui o seu lindíssimo e interessante blogue, que vivamente recomendo. Uma poetisa de rara sensibilidade e... DIFERENTE.
O que abaixo publico não é uma crítica ou sátira, mas sim uma singela homenagem.



BETTY_____(LINdA)


E assim repousO nas________rectaS
De tão________rectilínea escritA
De estradaS longaS, ________sem metas
E numa viagem________bendita (!?)...




Ao fundO imagem douradA
Com cabelOs sOltoS________ ao ventO
Pela praiA________emOldurada
E________reTenho este mOmento (...)






São os Frag // mentos da VidA
________Uma recta________Ali e s t e n d i d a________
Hífen. aspas e________záS ! Um conto !


Nesta viagem........que prossigO
________Em rectaS________isentas de perigO________
Só travoooooooo........encarando um pontO !!!!!!!!


Poeminha escrito em 2005 e que, agora, me faz lembrar, pela sua forma, aqueles com que a BETTY nos delicia:

_____ABISMO IMAGINÁRI
I
I
I
I
I
I
IO
este abismo
sempre presente
e o eco
da minha voz
que somente o meu eu
consegue ouvir
quando grito
que te amo.


quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A MINHA RELAÇÃO COM O ARTESANATO


AMIGOS

Por ocasião da fuga da mãe dos meus filhos e dedicado ao MÁRIO GAMA, o OLEIRO do Arripiado (Chamusca) e à MARIA JOÃO, sua esposa e Presidente da Associação onde participei, com muito amor, no acompanhamento a crianças e adolescentes com dificuldades psicomotoras.


AMIGO !

Gritei fugindo ao castigo...
Logo abriste o teu postigo
E quando me viste mendigo
Arrastaste-me contigo
E no teu Lar vi abrigo
Livraste-me do perigo !

AMIGA !

Entendeste a minha vida...
À minha alma ferida
Com amor limpaste a ferida
À minha esperança perdida
Mostraste-me uma saída
Quando me deste guarida !

AMIGO ! AMIGA !

Somos cúmplices no sofrer
As dores que no seu entender
Deus nos deu para vencer
E Ele está atento a ver
Se a nossa força, o nosso querer
Não nos farão retroceder...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

DEIXEM-ME DORMIR...

Adormecer...
Ai, adormecer !...

Num sono calmo, distante
em imaginária placenta
p' ra onde sôfrego m' enrolo
fugindo ao que m' atormenta:
problemas, preocupações
ou temores e frustrações
tudo aquilo que enfim
é tão mau e s' instalou
à volta e dentro de mim

Mas as auroras...
Ai, as auroras !...

Essas não são boreais
são fumo e fogo reais
queimando-me a cabeça
em tamanha compressão !
E atabalhoadamente
rezo p' ra que não aconteça
inesperada explosão !!!


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

DISCERNIMENTO

Poemazinha simples, rural, popularucho... mas arrancado do âmago da Alma, dedicado às amigas e amigos que não entendem como a palavra "amor", "querida" ou "querido" pode conter pureza de intenções, porque o blogue não é local de " procura namoro", mas de partilha de ideias, solidariedade, emoções, sentimentos...


Rezei à minha Santinha
A da minha devoção
Jurei amor à alminha
Dentro do meu coração

Sei bem quant' ela me ama
No seu amor universal
Não pensei tê-la na cama
Ela sabe-o, afinal

Que absurdo pensar
Grosseiro este comparar
Há quem não entenda tal

Amar é desprendimento
Discernir todo o momento
O amor incondicional


quarta-feira, 15 de outubro de 2008

ANJO NEGRO

Extraído do livro "Pétalas Caídas - Sonhos e Vidas", com prefácio de Margarida Rebelo Pinto, poema que me foi gentilmente oferecido pela minha amiga poetisa Otília Filomena Ferreira.

ANJO NEGRO

Anjo negro, a negra dor que em mim descansa,
De asa largas, cor do calmo anoitecer
Anjo negro dos meus sonhos, do meu ser,
Que anda sempre comigo e não se cansa

Anjo triste como um triste entardecer,
Anjo-morte dos meus sonhos de criança,
Anjo negro de olhos-mágoa à flor da esperança
Passo a passo, sem de mim se desprender

Anjo negro, no silêncio, mas que importa!
Seja dor, sombra, quimera ou tarde morta,
Pudessem todos ter, como eu, um anjo assim

De asas largas, sobre o vento, os olhos de água
E voar além da dor, além da mágoa,
Como o anjo, todo negro, que anda em mim...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

LÁGRIMAS DE SABOR A MAR

Hoje, o carteiro tocou três vezes. Trouxe-me o livro da poetisa NATÁLIA BONITO (blogue: Estradas Repletas), intitulado "A JANELA DESTE MAR".
Estou feliz


Calou-se o ruído !
Só um leve zumbido
A encharcar-me a audição :
É o zumbir do silêncio
A cantar-me à lembrança
Melodias na tua voz distante

Toldou-se tudo !
Só uma incómoda névoa
A turvar-me a visão :
Névoa nascida das lágrimas
A escorrerem-me na face
A salgarem-me os lábios
Lembrando-me o sonho
Em que aquela onda nos engoliu...

2001

domingo, 12 de outubro de 2008

CONTOS DA GUERRA COLONIAL

Cara(o)s amiga(o) que fazem o favor de lerem os meus trabalhos

São pouca(o)s a(o)s leitora(e)s que têm vindo a fazer o favor de lerem os Contos que até agora publiquei. Reparo, com satisfação, que os mesmo são muito apreciados embora firam a sensibilidade das pessoas. Não foi esse o meu objectivo quando os escrevi e enviei para uma Editora que, provavelmente, não os vai publicar. Mas são reais, contemporâneos, e as pessoas, com mais ou menos idade, não têm outra oportunidade de conhecerem aquilo por que nós, enquanto miúdos a partir dos 18 anos de idade, sofremos, deixando, àqueles que tiveram a felicidade de regressar, sequelas gravíssimas. Só quem convive com eles se apercebe do estado de degradação psicológica e física dos ex-combatentes. A Susana B. (blogue: palavras que me tocam) defendeu a sua tese de mestrado após ter convivido vários meses com indivíduos portadores da doença: Perturbação Pós-Traumática do Stresse de Guerra. É muito eloquente o seu comentário aos meus contos. E os familiares (esposas, filhos...) desses homens que também têm vindo a receber tratamento psiquiátrico e psicológico nos hospitais e Associações de Ex-Combatentes? Os ex-combatentes, na generalidade, dedicaram-se ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Estão uns farrapos humanos!
Além dos Contos publicados em Contos da Guerra Colonial e Contos da Guerra Colonial II, está um outro muito interessante, que publiquei por engano em tentativas poemáticas (Agosto, no final da página) e intitulado: Um Negro Bué da Fixe.
Por favor leiam e deixem o vosso comentário. A todos responderei com os esclarecimentos que vos aprouver solicitar.

Obrigado

sábado, 11 de outubro de 2008

ESCLARECIMENTO POEMA "DIAGNÓSTICO"

Em virtude das incertezas que me têm vindo a ser anunciadas pelas pessoas que fazem a gentileza de lerem os meus trabalhos, cumpre-me dar uma explicação. As pessoas são tão queridas que pensam que a origem do poema está na morte de alguém que me foi querido, ou até que me tenha sido descoberta doença grave. Muito obrigado a toda(o)s.
O poema é dedicado a uma mulher quando confirmo estar apaixonado. Mas é uma paixão proibída!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

DIAGNÓSTICO

Os sintomas apontaram a doença
Mas não a confirmaram
As análises
Essas sim
Repetidas, comparadas
Ditaram com frieza
O diagnóstico indesejado (?)

Abrir-se-me-ão chagas
Profundas, dolorosas
Teimosas em cicatrizar

O remédio de tempo feito
Acabará por vencer
Embora saiba que as marcas
Indeléveis
Me acompanharão
Por toda a eternidade

domingo, 5 de outubro de 2008

tentativas poemáticas

A toda(o)s aquela(e)s que fazem o favor de me privilegiarem com as suas visitas informo que as novas publicações encontram-se no blogue:

tentativas poemáticas II

beijos
abraços
saudações bloguistas

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

INDÓMITA MISSÃO




INDÓMITA MISSÃO

Que mérito tem

Um Espírito de Luz
Sentado à sombra etérea
E eterna
Duma frondosa árvore cósmica?

Que mérito tem
Um cometa regenerador
Passando a olhar de soslaio
E egoísta
Pelo nosso planeta azul?

Que mérito tem
Uma trovoada magnética
Descarregada na atmosfera
E fugaz
Fulminando apenas madeira?

Que mérito tem
Um cientista encerrado
Num laboratório secreto
E bélico
Trabalhando em destruição?

Que mérito tem
Uma mulher doutorada
De mente transbordando cultura
E sábia
Não sendo útil ao próximo?

terça-feira, 30 de setembro de 2008

CONSULTA Á BLOGOSFERA

Às amigas e amigos da blogosfera que têm vindo a ter a gentileza de lerem as coisas que escrevo.



A vossa opinião é importante. Suspendi o meu blogue: CONTOS DA GUERRA COLONIAL em consequência de alguns e-mails que recebi,
concordantes não com a censura ao texto mas sim quanto à crueza da linguagem. Refiro-me ao conto: "O Turra Mussolé".
Gostaria que fizessem o favor de passarem por lá, que lessem e emitissem uma opinião sincera. Só com a vossa força o blogue terá continuidade.




segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A FAZER O LUTO OUTRA VEZ

A FAZER O LUTO OUTRA VEZ


Foi impulso do momento
E parti
Antes que fosse mais tarde
Repeti-me e fui cobarde
E fugi
Com medo do sofrimento

O luto afinal não fiz
E sofri
O túmulo das minhas dores
Cobriu-se de secas flores
E transferi
O destino assim o quis

Julguei ter sido o pior
E vi
Outra paixão novamente
Tomar-me conta da mente
E temi
Pois este amor é maior

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

LANÇAMENTO DE LIVROS

Desmarquei um almoço muito importante para mim para estar presente no lançamento do livro do PAULO AFONSO RAMOS, amanhã, Sábado, dia 27. Infelizmente não poderei estar presente e disso já lhe dei conhecimento, desejando-lhe as maiores felicidades.
Também amanhã a nossa amiga de blogosfera madeirense NATÁLIA BONITO, a quem também já enviei uma mensagem de felicitações, vai lançar o seu livro.

PARABÉNS para os dois

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

MEU SONHO

Poema tonto (os sonhos por vezes são tontos) dedicado a uma poetisa que ressurgiu na blogosfera e que tem coisas tão lindas e importantes para nos transmitir:

ANJO AZUL (blogue: ATELIER DE JESUS).


MEU SONHO

nos meus sonhos de Céu
rodeado de alvas figuras
reluzentes no azul infinito
elas surgem:
femininas,
angélicas, sensuais,
para me ajudarem,
caridosa e carinhosamente,
a subir no imenso éter;
numa elevação lânguida,
tão gostosa,
sentindo no apertar das suas mãos
mornas e tão sedosas vibrações
que me entontecem.

à medida que subimos
vão passando testemunho;
as minhas mãos vão largando
as que para baixo
se vão evaporando.

as novas guias
são cada vez mais belas
mais etéreas
já não as conseguindo ver
com olhos de corpo
mas de alma
que vislumbram mais beleza.

sinto já não ser possível
retroceder
tão suave quão poderosa
a força que me eleva.

olho para baixo
para as que de mim
se vão despedindo;

as novas que aparecem
são imensas
estão agitadas
e rodeiam-me
formando cordões de luz;
leio-lhes no pensamento
que gritam, que ralham;
apertam-me as mãos com firmeza
mas sinto-me escorregar;
tentam tapar-me a visão
com seus longos vestidos
de fumo branco tecidos.

relembro o êxtase sentido
com aquela figura franzina
que na Terra conheci;
penso na comunhão
das nossas mentes
quando em momentos furtivos
baixava a cabecita
para que os meus lábios,
extensão do meu coração,
tremendo de muito desejo,
lhe penetrassem a franja
para com muita ternura
lhe irem beijar a testa.

estas lembranças tão vivas
tão saudosas cá no Alto
ganham força de gravidade
sugam-me para o Planeta
e caio desamparado
à velocidade da luz.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

POETA, EU ?

POETA, EU ?


Todos me chamam poeta
Embora alguns versos faça
Não sei se poeta eu sou...

Apenas pego a caneta
E aquilo qu' ela traça
É o que a cabeça ditou !

ENJEITADO

ENJEITADO


Cansado
Desprezado
Frustrado

Arrepio
Frio
Vazio

Ausente
Doente
Demente

Queria chorar
Poder gritar
Conseguir perdoar
A vida alterar
Voltar enfim a amar...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

ARRUMADORES

Para aquela que faz o favor de ser minha amiga: a poetisa brasileira Maria Zélia Nicolodi (blogue: MUNDO AZUL)


Após assistir a uma reportagem televisiva com a participação de algumas mães de diversos extractos sociais, relatando experiências de sofrimento com os seus filhos toxicodependentes.

Publicado no Jornal da APOIAR - Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas de Stresse de Guerra.


ARRUMADORES

Chegado acelerado àquele Centro Comercial
Indolentes acenos com os braços para arrumar
Mãos trémulas com um pão embrulhado em jornal
O rosto envelhecido sem anos para adivinhar

E eu mais do que alguém detestei aquele inferno
Para onde todos os rapazes eram então mandados
Acabo questionando um tempo mais moderno
Porque vi tremer na guerra humanos mais honrados...

INEXORÁVEL ROTINA

O

O teu marido traiu-te com uma aluna. Estavas visivelmente transtornada e tentaste usar-me como instrumento de vingança. Sabias que eu era casado mas que gostava muito de ti. Já te havia dito que, por uma questão de princípios, só conseguiria trair a mãe dos meus filhos quando soubesse que ela me era infiel. Ficaste magoada com a resposta. Continuaste a insistir. Sabia que gostavas muito de mim e tu sabias que eras correspondida. Lutei e sofri. E tive a ideia infeliz (?) de te oferecer este poema quando me sugeriste fugirmos para os Alpes suiços.

Inexorável Rotina

Juntámos os trocos
e na bilheteira,
artificialmente perfumada,
do Aeroporto da Portela,
comprámos duas passagens
de condição : sem regresso !
Nos estofos cheirando a veludo
daquele Jumbo da Swissair
fundimos os nossos cabelos,
ligámos as nossas mãos
e adormecemos sorrindo...
O poço de ar despertou-nos !
Olhámo-nos demoradamente
em profundo silêncio.
Sorrimos novamente
com cumplicidade
na maroteira da fuga,
ou melhor, da aventura;
beijei ao de leve a tua testa
enquanto os teus olhinhos
se iam fechando lentos
e as nossas quatro mãos
se apertaram até doer.

A cabana velha de madeira
ali plantada nos Alpes,
toda coberta de branco,
albergou no seu interior
o calor e o doce odor
de lenha seca queimada
e aquele fogo crepitante
atraíu-nos ao tapete macio
peludo e envolvente.
Fizemos parar o tempo
despindo-nos de tudo:
não somente de roupas
mas de ideais e ideias;
fizemos cinzas na lareira
com os nossos preconceitos
e cortámos ali mesmo, com o lume,
os novos cordões umbilicais.
Renascemos sozinhos
sem nada na lembrança,
como dois bebés:
amnésia total.
Teus cabelos soltos
no tapete espalhados
e esses teus lindos olhos
brilhantes sem usar sombras;
os teus lábios naturais
torneados sem baton;
teus seios muito pequenos
espalmados sobre o teu peito
quando te recostaste
e ficaste meio-enterrada
naquele chão de lã tão fofa;
o perfeito vê do teu busto
e aquela rigidez escultural
de ancas e pernas torneadas
a terminarem em pés de cera.
Entrelaçámos os nossos corpos
mas só te apertei cuidadoso
ao sentir os teus tornozelos
avisando a minha nuca
e aí, sim, todo eu tremi
com aquela vontade incontrolável
de sermos apenas um...
Mas pesquisei no teu olhar,
nos cantos da tua boca,
no ondular das tuas ancas
se seria tua vontade,
não querendo possuir
mas sim compartilhar
dum acto assaz sublime
em que só a dois há amor;
e quando senti que me amavas
então sim amámo-nos.
Foram tantos os dias,
incontáveis as noites
vivendo uma paixão ardente.
Pensámos conhecer-nos bem
por fora e mesmo por dentro...

...Depois veio a fome
e a sede com ela
e todas as necessidades básicas:
a falta da lenha;
a cabana que arrefeceu;
as cinzas amontoadas
numa lareira em rescaldo.
Derreteu-se a neve.
Veio o buzinar estridente
do carro que trás o pão
muito cedo pela manhã.
E acordámos assustados
com o bater ruidoso
do cobrador da água e da luz
e outros, ainda outros
que por lá iam passando.
A nossa roupa e a loiça
tornaram-se cúmplices
quando se amontoaram: sujas !
Era preciso lavar !
Era urgente tratar do lixo !
Era, enfim, preciso sair,
abandonar o ninho de amor,
ir à vila fazer compras.
E veio a amigdalite a exigir
o tratamento mais apropriado.
E, matreira, veio uma contrariedade
e mais outra, ainda outra.
Os nervos que se instalaram
teimosos à flor da pele.
Beijámo-nos e até jurámos
tudo isto superar
acreditando na protecção
do nosso amor infindável (!?)
Mas a rotina forçou a entrada
até p' las frestas das portas
e p' los rasgos das janelas;
desceu abrupta a chaminé,
levantou pó e instalou-se
mesmo à nossa revelia.
Tentámos formas de luta,
discutimos os processos
de a poder exorcizar.
Apeteceu-me fazer amor
e estavas com dores de cabeça
ou então muito cansada;
ou quando foste tu a querer
as minhas preocupações
traíram-me a virilidade...

Juntámos os trocos
e na bilheteira
daquela gare tão escura
dos Caminhos de Ferro
comprámos duas passagens
de condição: sem regresso !
No compartimento frio e negro
daquela 2ª. Classe
fundimos os nossos cabelos,
ligámos as nossas mãos
e as nossas desilusões
e adormecemos chorando...
Chegámos a Santa Apolónia,
sentimos o cheiro do Tejo
e aquele olhar vivido e crítico,
o sorriso marcadamente sarcástico
da tão viajada e vivida Lisboa,
cidade velha que nos viu partir
- cheios de ilusões - da outra ponta
e que nos veio receber
engalanada em gaivotas
que pareceram piar do alto:
- Que ingénuos ! Que ingénuos !
Voltou o tempo a parar.
Olhámo-nos tristes,
imóveis, olhos nos olhos.
Beijei, terno, a tua testa
e a desilusão tão patente
nos meus lábios comprimidos,
no teu sorriso apagado.

Lá ao fundo, ar de cansado,
poisado na ponte de Abril
parecia o Sol repousar
na sua viagem descendente.
Voltámos a procurar, contando-os,
os cada vez mais raros trocos.
Teimámos em comprar ilusões:
perguntámos se ainda havia tempo
de apanhar aquele Sol.
E um taxista - velho e sábio -
recusou aquela corrida.
Passou as suas mãos rijas
pelo alto das nossas cabeças
e, sorrindo com malícia,
aconselhou-nos outra estrela,
de preferência cadente,
pois aquela ali: o Sol
voltava sempre todos os dias
inexoravelmente...

1994

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

HISTÓRIA DA ARTE

O Porquê...

...porque são ideias soltas que vêm ter comigo,
que encontro, que faço por divulgar...

Os "pontos de fuga" culturais servem para se
travar essa queda na incompreensão daquilo
que não se entende, mas que também não é
explicado!!!

Assim sendo, divulga-se!!!

Quem quiser que se deixe levar e seduzir...
sem falsas ideias de burguesismo.


texto introdutório ao blogue de enorme interesse cultural, da autoria daquela que faz o favor de me visitar e elogiar. Por favor, visitem-na e divulguem-na.

Autora: :)

Blogue: Forma Arte Conceito

terça-feira, 16 de setembro de 2008

PARA A JOVEM BÁRBARA FARIA DE SOUSA

KARMA?


Anda um "fantasma" à volta e dentro de mim
Teimoso do qual hei-de fugir até ao fim

Persegue-me! Sinto-o em todos os lados!
Como castigo por todos os meus pecados?

Nem exorcismo, purgante, prática vudu...
...E descubro que esse fantasma - vivo- és tu!

Aconselho vivamente que procurem o blogue da Rafaela Bárbara Faria de Sousa (o mundo do meu sonho). De signo "Peixes", tal como eu, é uma madeirense muito jovem (21 anitos) que já nos fascina com a sua poesia "bárbara" e simultaneamente tão sensível.

PARA A MARIA PAULA RAPOSO

Para ti, amiga, uma pequenina e singela homenagem. É um grande privilégio ter amigas como tu.



Procurei entender
esforcei cada vez mais
entendi cada vez menos

Tentei esquecer
sofri cada vez mais
esqueci cada vez menos

Optei por adormecer
e quisera acordar jamais
sonhos de prazeres plenos

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

REVOLTA

Tiro Isolda a Tristão
Ofereço-a a Romeu
Trocando essa paixão
Quem fica a rir sou eu

Tiro Julieta a Romeu
Entrego-a a Tristão
Quem fica a rir sou eu
Invertendo essa união

Histórias tão comoventes
De grandes amores ardentes
Dão-me gozo inverter

Também meu amor trocaram
Os Deuses que então gozaram
Querendo-me enlouquecer

Á MINHA AMIGA POETISA OTÍLIA

Citaste amiga um dia :
"Ser Poeta é ser Profeta..."
Tanta poesia já fiz

Vou versejar alegria
Quero atingir essa meta
E saber o que é ser feliz

BOLEIA A UMA "DESCONHECIDA"

Entro na Auto-Estrada
Com ela à boleia
no meu pensamento.
A 150 à hora
tento desligar-me do mundo...
A sua imagem persegue-me.
Acelero a fundo
com raiva !
No meu campo de visão
esvoaçam intrusas
teimosas
a sua imagem e e a mosca.
Rodo com fúria
o manípulo do elevador
do vidro da porta;
o ar entra em turbilhão;
sacudo forte a cabeça,
o insecto desaparece
a sua imagem resiste !
Na subida íngreme
reduzo para terceira;
na bola da alavanca
aperto demorado a sua mão.
No negro da estrada
vejo escorrer os seus longos
sedosos cabelos.
A música romântica
transporta-me ao éter
e enche-me do seu sorriso.
As minhas mãos trémulas
deslizam suaves
pelo acrílico do volante
tacteando as suas faces.
Percorro km e km
de conversa imaginada
num sonhar acordado
a alta velocidade.
Finalmente a portagem !
Liberto do pagamento
pela utilização do asfalto
fico amarrado à dívida
convertida em angústia
por a haver transportado.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

PARA A AVÓ ANA

Tomei conhecimento, através dessa mulher extraordinária que é a Helena (coisas de mulher), do seu internamento e intervenção cirúrgica. O blogue também serve para isto: fomentar a solidariedade, a amizade e os mimos de que todos precisamos para nos alimentarem o Espírito.
A minha prece por si está também materializada em forma de poema.


ANA


Ana Cristina, Ana Isabel
Mesmo Ana Margarida
Tiveram na minha vida
Um proeminente papel

Com oito anos d' idade
O coração espevita
E da linda, bela Anita
Por vezes sinto saudade

E desde essa altura então
Quando encontro uma mulher
O coração não me engana

Pequenita ou mulherão
Descubro sempre qualquer
Qu' esconda chamar-se Ana


AINDA O MEU AMOR PELO ARTESANATO

Poemas integrados no meu Caderno : "Um Canteiro Feminino Plantado à Beira Tejo", escritos quando habitei junto ao Castelo de Almourol (Carregueira-Arripiado-Chamusca).

Estes poemas são agora oferecidos com muito carinho à Helena Santos (blogue: Coisas de Mulher).
Foi a partir do seu blogue que me inspirei, ganhei forças e iniciei o meu. Gostaria de a considerar como minha madrinha na blogosfera.


DORA E PAULINHA : DUAS PRIMAS / DUAS PEÇAS DE ARTESANATO


Vejo passar aquele Peugeot preto devagarinho
É um BL dois lugares sempre muito limpinho
Um dia parou junto a mim e dele saíram
Duas bonecas lindas que mais tarde partiram
Cada uma deixou no chão a marca do sapato
Descobri então serem peças de Artesanato
Autêntica visão e se a visão não me engana
Eram a Dora e a "boneca de porcelana" ! (*)

(*) - "boneca de porcelana" é a forma carinhosa como trato a Paulinha


MULHER BRASILEIRA


Veio para Portugal à procura duma vida melhor. Casou com um amigo dos meus filhos.
Viviam modestamente mas eram felizes. É uma mulher encantadora. Uma artista. Fabricava velas decorativas e diversos objectos em cera. Trabalhos lindos que também vendia em Feiras e em pavilhões de Mostra de Artesanato. As dificuldades da vida e as saudades dos entes mais queridos obrigaram-na a voltar à sua terra natal. Para o Brasil, com saudade, um beijinho muito grande para ti, Adriana.


ADRIANA


Cascas de noz caravelas
E bem esticadas as velas
Lá do Estuário partiram

Terras de Vera Cruz "acharam"
Em solo pródigo plantaram
Mulheres-flor que logo abriram

Álvares Cabral navegador
Timoneiro e floricultor
Sulfata açucar de cana

Hoje voltam p' ra este Tejo
Lindas mulheres-flor-desejo
Nas quais descubro Adriana



Chamusca/2002

domingo, 7 de setembro de 2008

EU, AS MULHERES, O MUNDO...

Após haver lido um comentário enviado pelo nosso estimado colega da blogosfera Dr.Moura (blogue: Filhos de Saló), à nossa querida Carmen (blogue: Os 16 Mosqueteiros), ocorreu-me a publicação deste poeminha, assim como os dois que se seguem: "O CLONE" e "O LIVRO DA REVELAÇÂO".
Com um abraço para a Carmen e Dr. Moura.


EU, AS MULHERES, O MUNDO...


Convivi com três ciganas
Dormi com caboverdianas
Convivi com as muçulmanas
Católicas e anglicanas

Convivi com ucranianas
Dormi com três angolanas
Convivi com espartanas
Vivi com Gregas e Troianas

Comi, vomitei, obrei
Com todas elas "pequei"
Com elas e com as demais

Conheci facas, pistolas
Usei seringas, argolas
E descobri sermos iguais

O LIVRO DA REVELAÇÃO

O "LIVRO DA REVELAÇÃO", QUE LANÇOU UM OLHAR SOBRE O UNIVERSO QUE ESCAPA À TRADICIONAL LINGUAGEM MATEMÁTICA




A Ciência e a Religião são a temática
Que continuam confundindo a nossa inteligência
O Stepham Wolfram desafia a Matemática
E assim nos abala com "Uma Nova Ciência"

Escrito de mil e duzentas páginas editado
Com seus cinco quilos de peso e bem volumoso
Apontando veemente p' ra um "caminho errado"
P' ra espanto e reflexão de cada estudioso...

Pois aquilo que hoje é amanhã pode já não ser
Mas a mente mesquinha e torpe do Homem não quer ver
Ignora os Profetas baralha outrora e porvir

Não aceita o palco no qual pisamos às escuras
Bloqueia o papel que foi estudado "nas alturas"
Luz da Ribalta a brilhar pano do Universo a cair

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ESTES PRÉMIOS/SELINHOS FORAM ELABORADOS PARA OFERECER A TODOS OS QUE FAZEM O FAVOR DE ME VISITAREM

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OS PRÉMIOS/SELINHOS QUE TIVERAM A GENTILEZA DE ME OFERECEREM

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ESTÃO A SER TRANSPORTADOS PARA O "TENTATIVAS II"

A NOSSA AMIGA ADRIANA MARQUES. LINDA!!!

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OBRIGADO E PARABÉNS MARINEIDE

PARABÉNS ODETE DAN

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MUITAS FELICIDADES

OBRIGADO MARINEIDE DAN RIBEIRO

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DA LINDA POETISA E AMIGA MARI AMORIM

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Muito obrigado, linda Mari

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