Entro na Auto-Estrada
Com ela à boleia
no meu pensamento.
A 150 à hora
tento desligar-me do mundo...
A sua imagem persegue-me.
Acelero a fundo
com raiva !
No meu campo de visão
esvoaçam intrusas
teimosas
a sua imagem e e a mosca.
Rodo com fúria
o manípulo do elevador
do vidro da porta;
o ar entra em turbilhão;
sacudo forte a cabeça,
o insecto desaparece
a sua imagem resiste !
Na subida íngreme
reduzo para terceira;
na bola da alavanca
aperto demorado a sua mão.
No negro da estrada
vejo escorrer os seus longos
sedosos cabelos.
A música romântica
transporta-me ao éter
e enche-me do seu sorriso.
As minhas mãos trémulas
deslizam suaves
pelo acrílico do volante
tacteando as suas faces.
Percorro km e km
de conversa imaginada
num sonhar acordado
a alta velocidade.
Finalmente a portagem !
Liberto do pagamento
pela utilização do asfalto
fico amarrado à dívida
convertida em angústia
por a haver transportado.
luiza neto jorge / recanto 2
Há 4 horas
2 comentários:
Está muito belo este poema!! Até me faz sonhar...beijos.
Então sonha, amiguinha, pois "o sonho comanda a vida".
Bjs
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