Divorciei-me em 2004. Não por vontade própria. "Esquecer é impossível, mas perdoar sempre foi o meu lema". Após doença - e sofrimento - prolongada, a minha querida mãe "partiu". Estou, assim, no início duma fase de vida a que, em Psicologia, se chama "fazer o luto".
Tenho ainda muita dificuldade em escrever. É cedo para tentar elaborar um poema dedicado à minha saudosa mãe. É assim que aproveito um que faz parte do meu projecto de livro com poemas dedicados à Mulher, para iniciar o meu blogue neste mês de Setembro.
MÃE SOFRIMENTO (dedicado à minha sogra, mulher da charneca ribatejana)
Foi sim mãe cadela
cujo leite a Vida
apressou a secar
feijão na panela
com couve moída
fome a transbordar
A serapilheira
a caixa da fruta
edredão e cama
o rio a banheira
a constante luta
de fingir dar mama
Com frio e com medo
tudo ali se abrigou
a fome trincando
uns partiram cedo
Deus outros levou
os demais lutando
Cantar da azenha
água fresca a correr
cheiro a farinha
miséria tamanha
mas o gosto de ver
medrar pomar e vinha
P' ra fonte ela ia
coisas lá da horta
tentar negociar
bate o meio-dia
de cansaço morta
mais que vender foi dar
E aquele homem bom
meu sogro amado
qu' está junto a meu pai
encontro-o no som
da nora e arado
que da mente não sai
Tenho ainda muita dificuldade em escrever. É cedo para tentar elaborar um poema dedicado à minha saudosa mãe. É assim que aproveito um que faz parte do meu projecto de livro com poemas dedicados à Mulher, para iniciar o meu blogue neste mês de Setembro.
MÃE SOFRIMENTO (dedicado à minha sogra, mulher da charneca ribatejana)
Foi sim mãe cadela
cujo leite a Vida
apressou a secar
feijão na panela
com couve moída
fome a transbordar
A serapilheira
a caixa da fruta
edredão e cama
o rio a banheira
a constante luta
de fingir dar mama
Com frio e com medo
tudo ali se abrigou
a fome trincando
uns partiram cedo
Deus outros levou
os demais lutando
Cantar da azenha
água fresca a correr
cheiro a farinha
miséria tamanha
mas o gosto de ver
medrar pomar e vinha
P' ra fonte ela ia
coisas lá da horta
tentar negociar
bate o meio-dia
de cansaço morta
mais que vender foi dar
E aquele homem bom
meu sogro amado
qu' está junto a meu pai
encontro-o no som
da nora e arado
que da mente não sai
2 comentários:
Olá Tó,
Agradeço o simpático comentário e o convite para visitar o seu blog. Realmente sou apreciadora de poesia e sou uma grande admiradora de Fernando Pessoa. Prometo voltar regularmente, com mais calma e ir deixando alguns comentários.
Bons posts :)
Oi Tó,
desde já agradeço o convite para conhecer o seu cantinho e muito sinceramente, gostei! Parece-me que esta foi uma opção correcta para ultrapassar um momento menos bom e se depender da minha visitinha, dos meus comentários, vai conseguir concerteza! Continue a escrever, continue a descobrir este cantinho e esta forma de comunicar e de mostrar as suas ideias ao Mundo pois é, sem dúvida, uma terapia à alma! Vou aparecer mais vezes! Apareça também no meu cantinho, terei todo o gosto em receber a sua visita!
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