Naquele quarto silencioso da Unidade de Cuidados Intensivos, onde apenas eram audíveis os sinais provocados pelas máquinas de suporte auxiliar de vida, um dos doentes chamou a atenção do pessoal clínico, quando repentinamente uma Auxiliar de Acção Médica proferiu, em tom de voz mais elevado: "- Este doente está a passar-se dos carretos!" É esta a expressão que na gíria hospitalar designa um quadro clínico de ENCEFALOPATIA.
O doente, um agente da PSP, agride verbalmente o médico e a enfermeira que prontamente o assistem, proferindo frases com ou sem nexo, entre as quais: "- Filhos da mãe, hei-de apanhá-los com o carro em cima do passeio e faço-lhes a folha! Mostrem já os vossos documentos para vos multar, seus pulhas! Apanhem aquele que vai a fugir sem Carta! Corram! Espetem-lhe um balázio nos cornos, seus maricas!..."
É neste estado que vejo aparecer frente às câmaras e máquinas fotográficas dos órgãos de comunicação social, ávidos de notícias sensacionalistas, um homem visivelmente debilitado, no dizer da sabedoria popular: "a dever já uns bons anos à terra".
A este homem, sabe-se lá por que tramas do "demónio", foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Literatura, passando por cima de tantos talentos em todo o mundo.
Este homem que conheci residindo na Rua dos Ferreiros à Estrela, em Lisboa, decorria o ano de 1988, não dava a saudação aos vizinhos porque os considerava como seres ignorantes e imbecis.
Este homem que escreveu as maiores barbaridades sobre religião sendo um leigo em Teologia mas que vendeu, vendeu, vendeu...
Este homem que agora publica com êxito e polémica uma obra literária (?), plagiando Thomas Mann, entre outros, mas a quem é reconhecida a prerrogativa de exercer o seu direito à liberdade de expressão, o que não aconteceu com as "brincadeiras de mau-gosto" da actriz brasileira Maitê Proença.
A liberdade de expressão regula-se, deve ser contida em certas circunstâncias, ou não teríamos de suportar a bolinha vermelha no canto superior direito dos nossos écrans de televisão.
Este homem que desprezou/renegou sempre o seu país, a sua terra natal e os seus conterrâneos ribatejanos (Azinhaga, uma aldeia simpática situada junto à Golegã), e a quem aquela gente boa, "ignorante e imbecil", orgulhosa, lá lhe construíu, homenageando-o, uma estátua.
Este homem que está a vender imenso, aumentando o seu pecúlio e subindo vertiginosamente as audiências aos órgãos de comunicação social (os abutres-do-novo-mundo).
Este homem que deveria ser imediatamente internado (tal como faziam aos dissidentes na ex-União Soviética), pois certamente está a sofrer de ENCEFALOPATIA PERMANENTE.
Dizer mais sobre este homem é dar-lhe ainda mais visibilidade, por isso nem o seu nome me atrevo a referir, porque me enoja.
7 comentários:
Amigo António
Você fui duro com ele. Nada que eu não tivesse também pensado, porem não me atreveria a dizer nada.
Ofereceram-me um livro dele e não consegui ler nem metade. O que li foi sempre com bastante esforço.
Parece-me que por eu não gostar outros gostarão.
Pode dizer tudo o que quiser porque nada me afecta. Quem nos julgará um dia a ele , a mim e a todos...?
Se os árabes respeitam tanto o Corão porque que é que eu não hei-de respeitar a Bíblia..?
Poderei não acreditar nas imagens literárias. Poderei não acreditar mesmo em nada, isso é comigo, mas servir-me do estatuto público que o Sr tem parece-me que não lhe fica bem (sou católico e é a minha opinião)
Olá, António!
Concordo que as televisões usam e abusam de "casos" destes, para aumentar as audiências, mas o escritor não tem culpa disso...
Não o conhecendo pessoalmente, tenho ideia que é um homem antipático, arrogante e extremamente faccioso no seu modo de estar na vida (ainda me lembro do que ele fez no DN, quando foi director do jornal)!
Onde não concordo é que a liberdade de expressão deva ter limites - todos têm direito a ter as suas próprias opiniões, mesma que sejam contra as da maioria! Igualmente não concordo que ele sofra de qualquer doença do foro psiquiátrico, até porque sempre foi o que ele afirmou, não vejo nada de incoerente no seu pensamento do passado e do presente. Aliás, se aos 87 anos não pudesse escrever ou dizer o que lhe apetece, mal estaríamos todos nós!
Ah, vou ler o livro para poder falar mais seguramente sobre o assunto? Não, não vou! Nunca consegui ler nenhum livro dele, a falta de pontuação irrita-me e faz-me perder o fio à meada. Mas há quem goste! E sou contra a proibição da publicação de qualquer livro, que faz lembrar tempos remotos, com Hitler, Salazar ou até a própria Igreja e o seu Index...
Mas a liberdade de expressão serve para os dois lados, se não existisse não poderias escrever este texto ou dar a tua opinião, não é? Aliás, acho sempre bem que as pessoas o façam, quando discordam!
Beijinhos para ti (e também para a Isabelinha)!
Querido António,
também escrevi sobre o mesmo senhor.
Também usei do meu direito democrático de liberdade de expressão mas não consigo ser grosseira e mal-educada como ele porque não o sou.
Gostava que fosses lá ao blog e deixásses a tua opinião.
Hoje já me envolvi em debate no Face mas foi uma discussão ligeira e civilizada até porque nem me posso enervar e muito menos com pessoas que desprezam a própria terra e depois vêem "mandar bitates" e chamar imbecil a tudo que é gente.
Beijinhos com muito carinho para ti e Isabel!
Antonio
Como sou leitora da Ana(Humana),acompanhei a discussão sobre Saramago e achei suas colocações muito interessantes.Convido-o a conhecer meu blog.
Lá,todos os meses debatemos temas polêmicos,que nos leva à reflexão e desdobramentos de nossos pensamentos.
Belo blog o seu!
abraço
Até que enfim que leio verdades sobre este vaidoso que se diz escritor.
Nunca li nada dele nem tenciono porque primerio, não me apetece andar a procura de pontuação que não existe, e segundo porque não aprecio as pessoas que menosprezam os outros por vaidade.
Beijinhos
Verdinha
Querido amigo, passas lá no blog?
Beijinhos
Pela Fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor do que o de Caim. Por causa da sua fé, Deus considerou-o seu amigo e aceitou com agrado as suas ofertas. E é pela fé que Abel, embora tenha morrido, ainda fala.
(Hebreus, II,4)
O António já leu o "Caim" do José Saramago? Ou não gosta pura e simplesmente do autor e das suas ideias?
Tenho aqui ao meu lado o "CAIM" de José Saramago. Ainda não o li, por isso não posso dizer nada. Só sei que, "Caim" é a história dos homens e dos seus desentendimentos com Deus. Sabemos, que o Saramago não acredita em Deus, porque razão está sempre em conflito com um deus, que não existe?
Já ouvi falar do debate na Sic, mas também não tive oportunidade de o ver.
Uma coisa é certa, imitar o meu querido Thomas Mann é uma coisa muito difícil, mesmo para um José Saramago...
Um abraço da cidade mais bonita do mundo, onde chove a cãntaros!!!
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