Ao princípio sentia vergonha de mostrar aquilo a que continuo a chamar "tentativas poemáticas".
Libertei-me desse preconceito ao receber uma carta da minha amiga poetisa Otília Filomena Ferreira, a quem aproveito para prestar homenagem.
Escreveu ela: POESIA - Uma Atitude Perante a Vida, Os Seres e as Coisas
Todos os estudos alguma vez realizados, à semelhança de todas as metodologias de análise, ou teorias e técnicas de classificação já elaborados, outro ponto de partida, fonte ou material não tiveram para além do próprio poema - serão elucubrações de validade discutível, dado que enquadradas "a posteriori". Mas também sabemos que uma prática reflexiva e discursiva sobre um número significativo de tratos poéticos pode permitir a emissão de juízos de valor, desde a promoção à aceitação e à rejeição, que, muitas vezes, a par da sua utilidade detêm algum fundamento.
A terminologia técnica da recensão crítica ao texto poético, mesmo nos nossos dias, continua a ser modificada a todo o momento, devido às tentativas imparáveis e competitivas dos analistas na sua mira e na sua luta sempre prontos a desvendar o irrevelável. Justifico-me: Estudei e não me arrependo. Escrevo e gosto de escrever. Não serei poetisa, provavelmente, o que não me preocupa.
Uma coisa sei: do poema e no poema ouve-se a voz de quem o realizou.
Lembro que Garrett dizia que "ser poeta é andar enamorado toda a vida".
Ser poeta é não ter idade. Jorge de Sena, num poema de amor, confessa: "A nossa idade: as tuas mãos nas minhas".
Este encanto, este encontro, com tudo e com todos, é o segredo e a pulsação do poeta.
CONFISSÃO
QUEBREI A TAÇA FRÁGIL DO ORGULHO
TRANSPARENTE, DO CRISTAL MAIS PURO.
E A MEMÓRIA INCENDIOU-SE SEM EU QU' RER.
NÃO SEI BEM SE ME PERCO EM CADA HORA
MAS ESTOU SÓ, COMO DANTES, E AGORA
DE MÃOS FRIAS QUE JÁ NÃO POSSO AQUECER.
SE RECORDO O VALOR DE CADA INSTANTE
TÃO VIVIDO, TÃO REAL E TÃO CONSTANTE
DE PERENE COMO O QUE É VERDADE,
TENHO PENA DE MIM E O SOFRIMENTO
DE PENSAR ENTRE A LUZ E O LAMENTO
SÓ ENCONTRO SOSSEGO NA AMIZADE
Libertei-me desse preconceito ao receber uma carta da minha amiga poetisa Otília Filomena Ferreira, a quem aproveito para prestar homenagem.
Escreveu ela: POESIA - Uma Atitude Perante a Vida, Os Seres e as Coisas
Todos os estudos alguma vez realizados, à semelhança de todas as metodologias de análise, ou teorias e técnicas de classificação já elaborados, outro ponto de partida, fonte ou material não tiveram para além do próprio poema - serão elucubrações de validade discutível, dado que enquadradas "a posteriori". Mas também sabemos que uma prática reflexiva e discursiva sobre um número significativo de tratos poéticos pode permitir a emissão de juízos de valor, desde a promoção à aceitação e à rejeição, que, muitas vezes, a par da sua utilidade detêm algum fundamento.
A terminologia técnica da recensão crítica ao texto poético, mesmo nos nossos dias, continua a ser modificada a todo o momento, devido às tentativas imparáveis e competitivas dos analistas na sua mira e na sua luta sempre prontos a desvendar o irrevelável. Justifico-me: Estudei e não me arrependo. Escrevo e gosto de escrever. Não serei poetisa, provavelmente, o que não me preocupa.
Uma coisa sei: do poema e no poema ouve-se a voz de quem o realizou.
Lembro que Garrett dizia que "ser poeta é andar enamorado toda a vida".
Ser poeta é não ter idade. Jorge de Sena, num poema de amor, confessa: "A nossa idade: as tuas mãos nas minhas".
Este encanto, este encontro, com tudo e com todos, é o segredo e a pulsação do poeta.
CONFISSÃO
QUEBREI A TAÇA FRÁGIL DO ORGULHO
TRANSPARENTE, DO CRISTAL MAIS PURO.
E A MEMÓRIA INCENDIOU-SE SEM EU QU' RER.
NÃO SEI BEM SE ME PERCO EM CADA HORA
MAS ESTOU SÓ, COMO DANTES, E AGORA
DE MÃOS FRIAS QUE JÁ NÃO POSSO AQUECER.
SE RECORDO O VALOR DE CADA INSTANTE
TÃO VIVIDO, TÃO REAL E TÃO CONSTANTE
DE PERENE COMO O QUE É VERDADE,
TENHO PENA DE MIM E O SOFRIMENTO
DE PENSAR ENTRE A LUZ E O LAMENTO
SÓ ENCONTRO SOSSEGO NA AMIZADE
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